11 de mar. de 2013

Nova fase: de aluna para Bailarina e Professora de Dança do Ventre




Às alunas de Dança do Ventre, palavras vindas de pura experiencia...

Para a maioria de vocês já deve ter chegado aquele momento em que os amigos e parentes descobrem que você faz parte do maravilhoso mundo da Dança do Ventre. Assim, naturalmente, chegam também os convites para apresentações em eventos ou para lecionar esta dança. Cuidado!

A dança oriental é repleta de estereótipos em nosso mundo ocidental.  Para a maioria das pessoas, ela é considerada de caráter sexual e um exercício físico que pode ser executado de qualquer forma sem prejuízo a saúde física e mental de seus praticantes.

Nós, Ivis e Paula Telles, sempre respeitamos suas características físicas e pessoais, potencial e evolução de cada um e esperamos o mesmo respeito vindo de vocês. Vocês são o resultado de nosso trabalho, seja como pessoas, bailarinos ou até mesmo professores. Como demonstrar este respeito?

Traje: Caso vá fazer alguma apresentação artística, vá com o traje adequado para aquela ocasião. Muitas lojas ‘’especializadas em artigos de dança’’ desconhecem a verdadeira essência cultural da Dança do Ventre e vendem os mesmos trajes característicos de ‘’sex shop’’, assim, ao comprar e utiliza-los, você acaba reforçando o estereótipo erótico da dança. Existem várias grifes especializadas em artigos para dança do ventre, procure-as. Caso não tenha dinheiro suficiente para vários trajes, compre apenas um e repita-o, é bem melhor do que passar uma ideia que nós, praticantes e amantes deste belo estilo, sempre precisamos brigar para retirar da cabeça das pessoas.

Coreografia: É claro que nunca saberemos tudo, mas quando for fazer uma apresentação profissional, prepare-se. Construa uma coreografia com leitura musical adequada e sem repetição extrema de passos; não coloque passos que você não é capaz de executar da forma correta assim como acessórios que você não teve treinamento adequado para utilizar; no caso de músicas com cantores, procure saber a tradução e historia da letra, pois pode ser que alguém da plateia conheça...; ensaie repetidamente após a construção da coreografia tanto para gravar o que foi feito quanto para refinar os movimentos e refletir se realmente são adequados para você e para o público em questão. Também ensaie com seu figurino completo(brincos, pulseiras,flores, etc...) pois assim podem ser evitados episódios  de saias caindo e brincos lançados ao público por pura falta de bom senso da bailarina por exagerar em movimentos inadequados ou não saber vestir seu próprio traje. E, acima de tudo, tenham expressão, sintam verdadeiramente e transmitam para o público algum sentimento; nada pior que ser lembrada(o) como uma(um) bailarina(o) vazio de sentimentos, um boneco dançando num palco com um olhar vazio ou um sorriso falso pintado no rosto , ou seja, de uma bailarina(o) você vira um (um) dançarina(o) de dança do ventre...

Lecionar: Respeite as características pessoais de cada aluno. Os alongamentos e movimentos devem ser adequados à idade, tipo físico, limitações e objetivos de cada pessoa. Lembre que lesões sérias podem ser geradas e você será culpado por isso. Ainda com relação aos movimentos, tenha comprometimento com a execução correta aliada a postura física, movimentos mal executados causam lesões no corpo além da péssima estética coreográfica. Adapte os movimentos de acordo com a faixa etária de cada aluno, a professora que permite muitos elementos sensuais a uma turma de crianças, torna-se vulgar aos olhos do público, já a que exige demasiados alongamentos e trabalhos físicos em uma turma de idosas torna-se negligente para o público. E não se esqueça: a paciência e respeito às dúvidas e limitações de seus alunos é o que realmente irá fazer sua transição de bailarina para professora. Nunca ria de dúvidas muito menos de execuções incorretas, não critique com sarcasmos e grosserias muito menos com comparações à outras alunas do grupo, não existe melhor aluna ou aluno, todos nós evoluímos, cada um em seu tempo respeitando nossas condições pessoais. Se você acredita que é capaz o suficiente para ensinar, então deve respeitar sempre seus alunos e ensinar que toda bailarina deve ser respeitada também. Outra coisa que é terrível em eventos com muitas bailarinas de grupos e escolas diferentes é o tom sarcástico nas críticas aos figurinos, coreografias, execução de movimentos, tipos físicos e idade de outras bailarinas. Ensine a criticar para avaliar e não cometer os mesmos erros, mas nunca para humilhar suas colegas seja de dança do vente, seja de outros estilos pois todas nós merecemos e devemos respeito ao amor que temos pela dança.

Aprender: Aqui nesta listagem de respeito, o ‘’Aprender” veio por último por um motivo... Todos nós temos algo a aprender por mais que saibamos muito. Existem pessoas com 13 anos de danças orientais que ainda fazem aulas sejam semanais, mensais ou workshops; isso porque? Sempre existe um movimento que você nunca viu; sempre existe um movimento que eu ‘’acho que executo da forma correta’’ mas está errado ou pode melhorar muito; sempre existe uma teoria sobre movimentos, ritmos e estilos que eu desconheço. O processo de ‘’Aprender’’ é contínuo, tanto para quem quer mostrar seu trabalho sendo bailarina, quanto e principalmente para quem deseja ensinar. Ninguém é obrigado a saber tudo, mas todos nós temos o dever de procurar a informação.

Nós estamos aqui. Vimos e vemos o crescimento como bailarinos de cada um de vocês, cada dificuldade, cada vitória, os momentos de desânimo e dificuldades pessoais, e por mais que o tempo passe, por mais que vocês tenham aula com outras pessoas, nós Ivis e Paula Telles sempre seremos professoras de vocês. Perguntem, o que não soubermos a resposta iremos procurar para vocês mas não façam ‘’as coisas’’ sem orientação.

Nos respeitem como professoras de vocês, se respeitem como profissionais da dança, e respeitem seus colegas pois todos nós temos muito amor a esta carreira cheia de dificuldades mas repleta de felicidade quando estamos em um palco ou em uma sala de aula de Dança do Ventre.

Beijos
Ivis Telles e Paula Telles
Março 2013.